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Onda de frio de Julho/1981

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Mensagem por Vinícius Lucyrio Qua Set 08, 2010 6:45 pm

"GEADA DE 1981 – SINOPSE DE 19 A 21/07/1981
As condições meteorológicas associadas com esta geada eram bastante diferentes das de 1975 e 1979, e assim era uma das mais notáveis geadas ocorridas no Brasil (Fortune e Kousky, 1982). Ao contrário do ocorrido nesses eventos, a presença de uma frente fria não foi um fator de influência na introdução da massa de ar frio e também não houve um escoamento direto de ar subantártico do sul do Chile e Argentina, canalizando através do flanco leste da Cordilheira dos Andes para o sul do Brasil. Isto ocorre frequentemente, quando um cavado de onda longa bastante intensa na asmosfera amplifica-se tanto que o ar é forçado inicialmente a passar através das latitudes antárticas e logo depois através das latitudes subtropicais, na sua marcha ao redor do globo. Estas condições, que são esperadas como aquelas que precedem a geada, não ocorreram durante este pulso de frio de 1981.

Uma frente fria passou realmente através da área nos dias 17 e 18 de julho, mas não foi forte, produzindo algumas chuvas e parando próximo ao Rio de Janeiro por alguns duas, não conseguindo atingir Cabo Frio. Em contraste, esta frente fria entrou vigorosamente no Oeste do Brasil, que experimentaram baixas de temperatura nunca antes vistas, e a frente chegou ainda a cruzar o Equador, penetrando no Hemisfério Norte, entrando na Colômbia e Venezuela.

O elemento importante da geada deste ano foi a passagem de um ciclone desprendido, através do Sul do Brasil. A figura 1 fornece a síntese da situação sinótica. Pode-se ver um vórtice circular fechado sobre o estado do Paraná. O vórtice, que é chamado de ciclone, apresentou-se forte no ar superior e praticamente não perceptível por observações de superfície. Como é indicado no mapa, em 18 de julho este vórtice foi formado a oeste do Uruguai. Quando se formou, o ciclone prendeu um bolsão de ar frio no seu centro, ar que tinha chegado a pouco tempo de latitudes subantárticas. O vórtice, então, movimentou-se lentamente em direção ao Sul do Brasil, atingindo a costa Atlântica, próxima a Paranaguá, na noite do dia 20. Em todas as noites, de 18 a 22, ele provocou uma faixa de temperatura abaixo do ponto de congelamento, no seu flanco oeste, mas somente três dias depois ele causou geadas prejudiciais. Nota-se também a presença de um forte anticiclone, partindo em duas células sobre o Paraguai e o Uruguai, e que sempre ficou a oeste do ciclone despendido.

Quando o vórtice entrou no Brasil, nuvens extensas impediram a possibilidade da ocorrência de geadas na manhã do dia 20 de julho, exceto em pequenas áreas do Paraná, próximas a divisa de São Paulo, onde o céu se apresentava claro. Na manhã seguinte (21 de julho) sob céu claro, ocorreram extensas geadas, a serem descritas na próxima seção. Em 22 de julho, somente uma leve geada ocorreu: temperatura no abrigo não baixaram a menos de zero em nenhuma estação da rede, embora condições de subcongelamento tenham aparecido em locais como vales.

MAPEAMENTO DAS BAIXAS TEMPERATURAS NA NOITE DE 20/21 DE JULHO
Nesta noite, o Inpe obteve êxito na documentação do local e da intensidade das áreas mais frias, através da utilização das fotografias do UAI (Fortune, 1981). Na figura 2, que é uma imagem da área afetada, obtida no canal infravermelho do satélite GOES, às 6h00 HL (hota local), pode-se ver a nuvem branca espiralada no vórtice desprendido ao sudeste de Santa Catarina. Virtualmente, todo o sul do Brasil aparenta ter céu claro e baixas temperaturas de superfície, como sugerida pela região sombreada em conza-claro no oeste de São Paulo e áreas adjacentes, e também pela aparência escura dos rios Paraná e Paranapanema, Pantanal, e alguns reservatórios, que são mais escuros devido ao fato de suas águas serem mais quentes que o continente.

A figura 3, que é uma imagem da mesma no canal visível, complementa a figura 2. Ela foi obtida às 8h30 HL, após no nascer do sol, e confirma a presença de nuvens baixas sobre o continente nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e a ausência de nuvens nos demais estados. As nuvens baixas podem causar confusão na interpretação das imagens no infravermelho, como na figura 2, porque podem ter a mesma temperatura do solo.

Com a finalidade de obter as isolinas de temperatura da superfície, as imagens no infravermelho foram realçadas de hora em hora, das 21h00 do dia 20 às 7h00 do dia 21, quando ocorreu forte entrada de ar frio. O elemento surpreendente é que a área com temperaturas negativas, na realidade decrescem das 21h às 3h, embora a área com temperatura positivas entre 0 e 4°C estivesse aumentando. A área afetada por temperaturas abaixo de 0°C deslocou-se do Paraná, às 21h, em direção a São Paulo às 3h. Notou-se também, a expansão abrupta da área de subcongelamento entre as 3h e 5h, e a ocorrência de temperaturas cada vez mais baixas até as 6h30, no sul de Mato Grosso e de Minas Gerais.

A fim de destacar melhor as temperaturas mais frias à superfície, a imagem da figura 2 foi realçada de maneira espacial. O produto é apresentado na figura 4. Nas regiões continentais e oceânicas, onde as temperaturas são maiores que 4°C, e também nas nuvens com topos mais frios que -4°C, foi atribuida uma tonalidade de cinza uniforme, pois situam-se fora da faixa térmica de interesse. O que sobrou dessa operação foi uma extensa área na parte centro-superior da figura 4. Entre -4°C e +4°C, foram atribuídas oito tonalidades de conza aos oito intervalos de temperatura, sendo a isolinha de 0°C representada pelo contorno nítido de preto/branco. As áreas abaixo de 0°C são indicadas por tonalidades escuras, enquanto as áreas um pouco acima de 0°C são indicadas por tonalidades claras.

A figura 4 mostra que a área congelada estendeu-se da fronteira com o Paraguai até o Sul de Minas, e do Paraná até Goiás. A áreas mais elevadas experimentaram, aparentemente, mais frio que os grandes vales nestas regiões. Nas figuras 2 e 4, destacam-se os valores dos rios Paraná, Paraguai, Paranaíba, Grande, Tietê, Aguapeí, do Peixe, Paranapanema e certas represas ao longo desses rios. Isso é evidente observando-se as tonalizades indicando temperaturas mais amenas. Nas demais regiões o frio era generalizado, chegando a -3°C em extensas áreas entre Ribeirão Preto e a represa de Furnas (MG), e, em Mato Grosso do Sul imediatamente a oeste do estado de São Paulo.

O monitor de TV em cores foi também usado para realçar as imagens de hora em hora. A figura 5 é um realce das temperaturas às 6h. Pode-se notar facilmente as áreas abaixo de 0°C em violeta e vermelho. Usadas em tempo real, as imagens coloridas definiram o progresso da geada de maneira impressionante.

O efeito do nascer do sol, podia ser visto na imagem às 7h30. A cores brulhantes definindo temperaturas mais baixas desapareceram no estado de São Paulo, enquanto elas continuaram em Mato Grosso, onde o sol ainda não tinha nascido.

Com o nascer do sol, foi possível obter a imagem no visível na figura 3. Pode-se ver que a maior parte dos estados de SC e RS encontra-se coberta por nuvens; isto provavelmente é responsável pela ausência de geadas nesses estados. Outra razão pode ser a advecção de ar marítimo e quente no flanco sul do ciclone desprendido. De fato, essas nuvens baixas estavam mais quentes do que a superfície terrestre (debaixo do céu claro) ao norte, nos estados do Paraná e São Paulo. Isto pode ser visto nas figuras 2 e 5, onde os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul aparecem em preto.

É importante lembrar que as temperaturas sensoriadas pelo satélite correspondem a um valor integrado sobre uma área de 10km x 10km, ou 100km², no melhor dos casos. Alguns pontos dentro da menor área devem ser mais frios que a média, ao passo que outros devem ser mais quentes. Portanto, se o satélite detecta uma temperatura de -3°C, para 100km², então talvez, as regiões mais baixas possam atingir temperaturas tão baixas quanto -6°C, e as mais altas, temperaturas de 0°C. Assim espera-se existir uma certa diferença entre os valores obtidos pelo satélite e os observados.

DOCUMENTAÇÃO DA GEADA COM VERDADE TERRESTRE
Outro objetivo da operação inverno foi a comparação de temperatura, vista pelo satélite, com observações especiais em estações agrometeorológicas. Essas observações incluem a temperatura mínima no abrigo, a mínima de relva, a do solo em várias profundidades, o vento e a umidade relativa. As temperaturas mínimas do abrigo e da relva, estão apresentadas na tabela 1, para o estado de São Paulo. Observa-se que:

• A geada foi muito mais severa em São Paulo do que no Paraná;
• A parte norte do estado, principalmente a área perto de Ribeirão Preto, foi muito mais afetada;
• A geada do dia 22 foi menos intensa que a do dia 21;
• A diferença entre as temperaturas de abrigo e de relva, na mesma estação, varia consideravelmente de uma estação para outra. Isto provavelmente é provocado por práticas de observações inconsistentes."

A neve caiu com grande intensidade na serra gaúcha no dia 19. Bom Jesus/RS registrou -2,4°C e teve 10cm de neve acumulada. Nevou também por bastante tempo em Caxias do Sul, Canela, Gramado e Bento Gonçalves.

No dia 20, os moradodes de Manaus, acostumados com o calor intenso o ano todo, acordaram com 17°C, uma das mais baixas já registradas na cidade. Os habitantes improvisaram agasalhos para saírem nas ruas. No oeste e sul do Amazonas, a temperatura chegou a 10°C. Cerca de 80% dos cafezais do MS foram destruídos, como efeito das geadas. Nevou em 9 cidades paranaenses. A mínima chegou a -4,5°C em Guarapuava. As perdas nas lavouras foram grandes; 25 mil hectares de feijão de inverno foram arrasadas pela geada, e 50% de todo o trigo plantado em fase de formação de grão, foram perdidos.

Curitiba registrou sleet por volta de meio dia, e a população saiu animada às ruas esperando a neve. As cidades do Paraná que registraram neve foram São Mateus do Sul, Cascavel, Guarapuava, Palmas, Irati, Lapa, União da Vitória, Colombo e Ponta Grossa. Em Cascavel, onde nevou e geou, pelo menos metade dos 40 mil hectares de trigo plantados na área de ação foi perdida. Nevou também em 30 cidades catarinenses

As geadas atingiram São Paulo no dia 20 apenas nas áreas próximas da divisa com o Paraná. As regiões de Marília e Presidente Prudente tiveram perda de 10% nas plantações de café e 30% nas de trigo. Além de MS, PR e SP, as geadas também foram fortes no sul do MT e sudoeste de GO. Em Londrina grande parte do trigo e do feijão de inverno foram queimados pela geada. Há relatos de neve granular na manhã deste dia, no oeste da capital paulista e região de Cotia.

No dia 21, Maria da Fé, no sul de Minas Gerais, registra a menor temperatura do estado e uma das menores da história, com -8,4°C. Em São Paulo, geadas de todas as intensidades ocorreram em quase todo o estado, inclusive geada negra no nordeste e leste do estado. Na capital paulista, a temperatura chegou a 1,6°C. Segundo informações a temperatura chegou a -5°C em Marília e Pirajuí, -2°C em Garça (SP), -1°C em Machado (MG) e -0,8°C em Maringá (PR).

Imagens de Satélite - SMS-2, às 15UTC.

17/07/1981
Onda de frio de Julho/1981 1981-07-17-15

18/07/1981
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19/07/1981 (18UTC)
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20/07/1981
Onda de frio de Julho/1981 1981-07-20-15

21/07/1981
Onda de frio de Julho/1981 1981-07-21-15

Fontes:
* [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
* [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

IMAGENS:

Figura 1:
Onda de frio de Julho/1981 Fig1500x657

Figura 2:
Onda de frio de Julho/1981 Fig2500x514

Figura 3:
Onda de frio de Julho/1981 Fig3500x467

Figura 4:
Onda de frio de Julho/1981 Fig4500x616

Figura 5:
Onda de frio de Julho/1981 Fig5500x557

Tabela 1:
Onda de frio de Julho/1981 Tab1500x686
Vinícius Lucyrio
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Mensagem por William Siqueira Seg Set 13, 2010 11:32 pm

Nossa olha o que achei falando da minha cidade


Onda de frio de Julho/1981 Nova+Imagem+(22)
William Siqueira
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Mensagem por Zeca Qua Set 26, 2012 6:17 pm

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